Inteligência Artificial: confira a profissão do momento

Com a crescente adoção de ferramentas de Inteligência Artificial, como ChatGPT, Midjourney, Bard e outras, e a integração dessas tecnologias por empresas de diversos setores, fica evidente que o sucesso da implementação dessa inovação não depende apenas da tecnologia em si, mas também das pessoas responsáveis por gerenciá-la e utilizá-la. Como resultado, uma nova profissão vem ganhando destaque: o prompter.

O trabalho de um prompter consiste em extrair o melhor dessas ferramentas, criando e refinando resultados que muitas vezes precisam ser buscados em várias plataformas diferentes e combinando suas respostas para tomar decisões financeiras, de gestão ou de pesquisa de mercado.

A qualidade do conteúdo e das respostas geradas pelos sistemas de IA depende muito da qualidade das perguntas feitas aos prompts – interfaces de diálogo que preveem todos os cenários, desde frustrações e conquistas até curiosidades e interesses que levam as pessoas a solicitar algo. Por essa razão, o prompter é fundamental para garantir a produtividade e eficácia das iniciativas inspiradas e alimentadas pela IA em empresas de diversos setores.

“Chegou o momento em que o valor de fazer a pergunta certa pode ser mais valioso do que fornecer respostas. A capacidade de argumentar sobre uma visão geral, com a intenção precisa de buscar ações específicas, será altamente valorizada nesse momento em que incorporamos a IA em nossas vidas. Economias em pesquisa, software e até mesmo contratações em grande escala serão consequências significativas desse processo”, explica Ricardo Figueira, CCO da Figtree, uma empresa de experiência, design e inovação responsável pela criação de prompts para sistemas de IA em diversos setores de mercado.

Quais são os requisitos para se tornar um prompter de IA eficaz?

A engenharia de prompt é um trabalho minucioso e em constante aprimoramento. Dependendo da maneira como uma pergunta é feita à IA, a resposta pode ser completamente diferente, com resultados mais completos e satisfatórios ou menos aprofundados. Por esse motivo, cada usuário de IA também acaba desempenhando o papel de prompter ao fazer questionamentos cada vez mais elaborados à ferramenta. Toda vez que alguém utiliza o ChatGPT ou outra ferramenta de IA, podem surgir respostas surpreendentes.

De acordo com Figueira, um dos estrategistas envolvidos no desenvolvimento da BIA (Inteligência Artificial do Banco Bradesco), um bom prompter é aquele que cria um cenário completo, ou seja, um contexto para antecipar todas as possíveis respostas de um serviço de IA.

Figueira também destaca que um prompter não precisa necessariamente ter conhecimento técnico, mas deve ter uma mentalidade altamente curiosa e prestar atenção meticulosa aos detalhes. No exterior, vários prompters interessados em extrair o máximo das ferramentas estão abrindo empresas e aplicativos que se integram a sistemas de IA já estabelecidos e adaptam pesquisas em áreas específicas ou formatos de questionamento específicos.

Aqui estão os principais requisitos para se tornar um prompter, de acordo com o especialista:

  1. Versatilidade nas perguntas: Ser capaz de abordar o mesmo tema de várias maneiras, escolhendo entre uma abordagem ampla ou específica. “Cada pessoa tem sua própria forma de se expressar, e cada plataforma de IA tem seu próprio modelo ‘mental’, assim como cada indivíduo no mundo. Compreender como cada plataforma de IA funciona é fundamental.”
  2. Contextualização: O design da IA pressupõe muito e adapta suas respostas de acordo com o contexto demonstrado na pergunta de cada pessoa. “Contextualizar sua pergunta é gratificante para obter resultados mais específicos. Considerar verdades absolutas genéricas acarreta grandes riscos de obter respostas duvidosas ou, no mínimo, questionáveis. Diferentes culturas possuem diferentes crenças, e isso também se aplica ao mundo da IA.”
  3. Consideração da temporalidade: Tenha cuidado com cenários temporais. “Algumas plataformas podem não assimilar fatos recentes ou mudanças conceituais repentinas devido a limitações de assimilação do sistema. Talvez esse problema seja resolvido com o tempo.”
  4. Verificação da informação: Sempre vale a pena validar a informação ou buscar fontes adicionais. Diferentes plataformas se comportam de maneira diferente quando não sabem a resposta. “Algumas dizem que não sabem a resposta, outras simplesmente inventam, e há também aquelas que estão na fase de verificação da informação com base em premissas quantitativas, ou seja, quando há muitos acessos recorrentes. Isso representa um perigo.”
  5. Teste de desempenho: Não importa o quão famosa seja uma IA específica, sempre é válido realizar um teste de desempenho por um período para sentir como a conversa flui na interação com cada plataforma. Lembre-se de que a IA é sempre um meio e não um fim. Diferentes plataformas exigem abordagens distintas por parte dos usuários.