O desserviço de Ana Moser, Ministra dos Esportes

“A meu ver, o esporte eletrônico é uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então, você se diverte jogando videogame, você se divertiu. “Ah, mas o pessoal treina para fazer”. Treina, assim como o artista. Eu falei esses dias, assim como a Ivete Sangalo também treina para dar show e ela não é atleta da música. Ela é simplesmente uma artista que trabalha com entretenimento. O jogo eletrônico não é imprevisível. Ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, ela não é aberta, como o esporte”

Essa foi uma das falas da Ministra para o UOL.

Talvez a ilustre ministra não tenha a menor noção do que seria eSports, não conheça, não assista ou jamais teve a oportunidade de pelo menos ter o conhecimento da proporção que é o eSports.

Sim cara ministra, a gente treina, a gente se prepara, se dedica horas para que possamos ter um desempenho, muitas vezes melhor do que muitos que praticam como na sua visão esporte de verdade.

Existem equipes de diversos segmentos nesse mundo, que inventem não apenas em equipamentos, mas no preparo físico e psicológico dos atletas para que possam competir.

Não existe apenas futebol e Vôlei no planeta.

No mundo isso já é uma realidade e no Brasil está tomando forma, e força, e sim em alguns casos pode ser considerado um esporte.

Claro, a ministra achou mais fácil generalizar, e colocar todos no mesmo barco, como se fossem apenas pessoas brincando de vídeo game, mas existe, e são milhares no Brasil que dedicam tempo para competições.

Posso falar por exemplo do mundo de automobilismo virtual, sabia cara ministra, que uma competição virtual onde um piloto chega ficar 3 horas sentado em um cockpit, ele tem um desgaste físico tal como atletas?

Não acredita? Faça o teste, o desgaste físico e emocional existe tanto quanto no esporte que a senhora praticou por tantos anos com afinco e capacidade, ganhando por anos títulos merecidos.

Agora dizer que ESports é um vídeo game é uma programação fechada, previsível, e apenas um jogo eletrônico é uma total falta de conhecimento, e uma ofensa aos que se dedicam tanto aos campeonatos, que por sinal atraem cada vez mais patrocinadores e investidores milionários, muitas vezes até superiores ao próprio esporte tradicional.

Não querer investir ou adicionar o eSports é puramente uma atitude mesquinha de defesa para que esses atletas não possam pleitear ajuda financeira para investimento na carreira.

Ao contrário da Ministra brasileira o mundo se rende e em 2023 teremos em Singapura a semana olímpica de eSports, finais presenciais do Olympic esportes series, fora milhares de campeonatos mundo afora e até dentro do Brasil.

Pensar que competições virtuais não geram desgastes é claramente uma falta de conhecimento, o fato de não ter um treino físico intenso como futebol, vôlei, natação, não quer dizer que esses atletas não se preparam, tanto fisicamente como psicologicamente, em muitos casos se preparam mais que os atletas de verdade, talvez não com a intensidade física de ficar suado, correndo etc. Mas também exige preparo para ficar horas competindo, e muitos vezes em horários absurdos.

Voltando ao mundo virtual que a ministra acredita ser apenas um videogame, e falando especificamente de automobilismo, que é um dos setores do eSports que mais cresce no Brasil. São dezenas de competições oficiais.

Sabia cara ministra que temos campeonatos oficiais de STOCKCAR (competição Brasileira) A Fórmula Indy com corridas e transmissão em português? Copa Porsche onde já tivemos pilotos virtuais, ou de vídeo game como a senhora disse, indo para o mundo real nas pistas como piloto?

E Como não falar da F1, que tem seu próprio campeonato de pilotos virtuais.

E em todos esses casos pilotos reais, e acredito que alguns tenham em algum momento se beneficiado de recursos para ajudar na carreira, o que considero justíssimo, participam das corridas virtuais com patrocínios reais.

E o que falar das equipes, que investem tempo, dinheiro em divulgação, carros, pinturas e muito mais, saindo do bolso, e do bolso dos pilotos saem as compras dos carros, de pistas, pois a maioria das equipes não consegue bancar pelo alto custo desse segmento.

Não Ministra dos Esportes Ana Moser, não somos apenas um bando de malucos que ficam sentados apenas se divertindo.

Levamos a sério nossa profissão, como qualquer outra ela tem um custo, financeiro, psicológico e de saúde, e sem preparo é impossível competir.

A Senhora deve desculpas ao mundo do eSports pela sua fala mesquinha e retrógada, de uma pessoa que provavelmente não tem a menor noção de tão grande é nossa classe, do quanto ela movimenta o Brasil, e em vez de apoiar, e até poderia colocar se fosse o caso, limitações para que não virasse uma zona, foi mais fácil criticar e dizer claramente que no seu mandato o eSport não será um esporte.

Tenho certeza de que de milhares de pessoas, esperam que seu mandato seja curto frente ao ministério, para que uma pessoa que tenha uma cabeça mais aberta, talvez mais jovem e que não coloque interesses antigos e arcaicos acima de uma realidade que já chegou e não será mudada, entre e possa dar valor a todos que praticam esportes, sejam eles reais ou virtuais.

Ainda quero acreditar que foi uma fala infeliz, e que a senhora além de pedir desculpas por ter ofendido uma classe, repense seus pensamentos.

eSport é esporte.